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Aos 88 anos, Clint Eastwood dirige, transporta drogas e faz sexo a três em 'A Mula'

  • Yahoo
  • 15 de fev. de 2019
  • 2 min de leitura

Clint Eastwood se orgulha de ser um homem “à moda antiga”. Isto é visível não apenas pelas declarações públicas (como quando detonou a chamada “Era da correção política”, em 2017), mas também pelos filmes que dirige, especialmente naqueles em que também atua. É o caso de ‘A Mula’, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira.

No longa, inspirado num caso real, ele interpreta Earl Stone, um sujeito simpático, piadista e galanteador que lutou pelos Estados Unidos na Guerra da Coreia e viveu muito tempo como horticultor. Sua dedicação ao trabalho lhe custou à família, já que se acostumou a passar longos períodos ausentes, na estrada. Esta é uma tecla repetida à exaustão no roteiro, deixando clara a culpa que o protagonista carrega nos ombros e, ao mesmo tempo, abrindo o caminho para uma posterior redenção.

Beirando os 90 anos, Stone se vê falido, sozinho e prestes a perder a casa onde mora. É quando é abordado por um jovem latino que, ao tomar conhecimento da experiência do veterano em dirigir, lhe passa um contato de alguém que procura por um motorista que não levante suspeitas. O pagamento é bom e a missão é relativamente simples, o que faz o personagem de Eastwood fingir não ver que está sendo contratado por um cartel mexicano.

Em ‘A Mula’, a contravenção é justificada pelo uso que o protagonista faz do dinheiro. Ele consegue se reaproximar de neta, filha e ex-esposa, além de promover melhorias em locais importantes de sua comunidade. Mais do que isso, ao ter reconhecimento pelo desempenho ele passa a se sentir vivo novamente, a ponto de cantarolar alegremente canções de Frank Sinatra enquanto está ao volante e de participar de sexo à três em duas ocasiões – É ou não é a fantasia de qualquer homem “raiz”?

O desprezo de Stone (e provavelmente também do cineasta) pelas gerações mais jovens fica claro também nos inúmeros resmungos que seu personagem faz à dependência das pessoas aos celulares, incluindo uma cena em que encara um sujeito que não é capaz de trocar um pneu sem procurar no Google como fazer isso.

O filme joga com essa ironia de que um cara com a aparência de Clint Eastwood dificilmente levantaria suspeitas da polícia. Ele é um peixe fora d’água num mar de brutamontes tatuados, fortemente armados e com forte sotaque. De alguma forma, não deixa de ser um comentário sobre a miopia de visões estereotipadas, embora o roteiro reforce a todo momento que o protagonista de fato não é como os outros criminosos comuns, mas alguém que teria caído ali por acaso. Um argumento que, na vida real, só convence os mais conservadores quando convém.


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